18 outubro 2009

News Release 1088 : Fabienne Keller no lugar de Zeller na RFF


Faro [Portugal], 18.10.2009, Semana 42, Domingo, 22:03 - O presidente do RFF Réseau Ferré de France, Hubert de Mesnil, já tem novamente o seu conselho de administração completo, depois da nomeação por despacho governamental de 7 de Outubro passado, de Fabienne Keller, que é uma senadora francesa e igualmente já desempenhou vários cargos nas regiões e autarquias francesas, nomeadamente, já foi presidente da Câmara de Strasbourg.



A senhora Keller, vai ocupar na RFF (o mesmo que REFER em Portugal), o lugar do administrador Adrien Zeller, falecido no passado dia 22 de Agosto.

Créditos: Pela foto, agradecimento ao Senado francês / For photo, thanks to French Senate.

Luís Moreira


News Release 1087 : Esta noite sonhei com Miguel Sousa Tavares


Faro [Portugal], 18.10.2009, Semana 42, Domingo, 10:39 - Na nossa News Release 1078, editamos com cortesia, um texto do conhecido jornalista, advogado e escritor Miguel Sousa Tavares, que editado no Jornal Expresso*, tinha como título "Esta noite sonhei com Mário Lino". Fizemos agora o "contraditório" desse texto e editamos na presente News Release, outro texto, com outro sonho. Leiam sff e façam a devida comparação.

"Terça-feira passada, a meio da manhã, faço as Linha do Sul e Norte, em direcção ao Porto e na companhia de uma estrangeira, amiga de Miguel Sousa Tavares; quinta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo ao Algarve. Tanto para lá como para cá, é uma linha de via única e dupla e com poucos e muitos comboios. Em contrapartida, numa breve incursão pela zona dos suburbanos, entre Setúbal e Pinhal Novo, vamos encontrar um tráfego cerrado, composto esmagadoramente por comboios de 2 pisos espanhóis. Vinda de um país onde os comboios quase não existem, ela está espantada com o que vê:


- É sempre assim, esta linha?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente e nos outros dias da semana, quando há muitos carvoeiros.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque o Fontes Pereira de Mello era maluco e queria dotar o país com uma rede de comboios, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais linhas destas?
- Sim, ainda outra, via Beja e que se chama Linha do Alentejo: só temos uma entre Lisboa e o Porto, vamos ficar com mais uma, que é para o TGV. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma. Estás a mentir, porque há comboio entre o Rio e São Paulo. Nós vamos ter duas entre o Porto e Lisboa: é a aposta no comboio, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me de Miguel Sousa Tavares.
- E, já agora, porque é que a Linha do Sul está deserta e a linha entre Setúbal e o Pinhal Novo está cheia de comboios?
- Porque são milhares os que vivem nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
- E porque estão quase todos apressados?
- Porque vão trabalhar.
- Mas vocês ainda não têm trabalho para todos.
- Não: a Europa quer que trabalhemos mais, mas os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...


Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:


- Mas porque não investem antes na estrada?
- Investimos, e está a resultar.
- Resultar, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a A 1 Lisboa-Porto, depois fizeram mais alguns lanços em auto-estrada na zona do litoral e ficamos com 2 auto-estradas e agora, vamos ficar com 3 auto-estradas entre Lisboa e o Porto.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, a maior parte dos utentes utiliza a A 1, enquando nas outras 2 auto-estradas, quem utiliza são os utentes locais que fazem segmentos dessas mesmo auto-estradas e não fazem o percurso todo, entre Lisboa e o Porto. Em alguns troços não há sinal de telemóvel nem Internet, há restaurante em alguns sítios, noutros há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi haver nas horas de ponta, quer em Lisboa e Porto, longas filas de trânsito e além disso, deixarem estar a velocidade máxima nos 120 km/h, que o teu amigo Miguel Sousa Tavares, não concorda e acha um absurdo. Por isso, as pessoas preferem ir de comboio e a Estradas de Portugal perde agora 15 mil milhões.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi conseguirmos fazer o trajecto entre Lisboa e Porto, com mais segurança e sem esperarmos que venha de frente, um carro contra nós, como às vezes acontece...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de Auto-Estradas.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.


Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.


- Mas, em relação ao comboio, ao menos, o TGV quando existir vai directo de Lisboa ao Porto?
- Sim, parando numa ou outra estação intermédia, por exemplo um TGV vem de A Coruña, pára em Braga, depois no Porto e depois pára em Coimbra e finalmente em Lisboa, assim como outro TGV procede de Vigo, pára só no Porto e Leiria/Fátima e depois em Lisboa, portanto, servem-se várias estações com vários comboios que fazem o mesmo percurso. Olha, o teu amigo Miguel Sousa Tavares sabe, mas fala como se não soubesse e diz que o TGV vai parar em várias estações, diz ele: de cima para baixo, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim. Se o aeroporto fosse na OTA, e não discuto agora questões técnicas, o TGV passaria por lá para servir quem vem do Norte e entraria em Lisboa, sem ter que atravessar o Tejo, isso realmente era o melhor em termos ferroviários.


Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.


- E, desculpa lá, o TGV que passará a fronteira de Portugal, ligando-se à Europa, por exemplo para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...
- Sim, vai ter.
- Sim vai? Então, é uma boa opção e não vai ser uma ruína!
- Bem, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que alguns em Portugal são geridos por criminosos, que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ter que ser bem gerida, com comboios de passageiros e mercadorias não pesadas - aliás, ainda não admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração, se os houver: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Naaaaaaaaão, o Governo de José Sócrates, que foi quem tomou esta decisão, ganhou outra vez as eleições há semanas atrás e a oposição não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição PSD, quando era governo e agora não quer o TGV...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem uma figura destas perante acordos firmados?
- Dizem que podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, sim, porque os países escandinavos já querem o TGV, mas o teu amigo Sousa Tavares diz que não, se ele soubesse e lê-se os documentos da UIC, não dizia disparates.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa têm TGV e vocês não querem ter?
- É, dizem que assim não fazemos favores ferroviários a Espanha.


Fizemos muitos quilómetros nesta Linha do Sul e agora, na Linha do Norte , muito perto do Porto, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:


- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que são uma praga para as companhias de bandeira, que, aliás, estão a liquidar a TAP, como liquidaram outras como a Swissair e a Sabena, por outras asneiras então cometidas.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali pela esguelha da janela: sabes o que é aquilo?
- Uma ponte enorme! Extraordinário!
- Sim: é a ponte de São João, a maior do Mundo no que toca ao seu vão com 250 metros, uma peça única, não há igual, para pontes de caminho-de-ferro, percebes.
- Ena! É um espectáculo!
- Olha, o génio que a fez, era do Porto, chamava-se Edgar Cardoso, que o a cidade do Porto ainda não homenageou com uma estátua e era considerado pelos colegas de outros países, como o melhor engenheiro do mundo em pontes e estruturas especiais. Eu tenho orgulho nisso.
- A sério? Mas, estão à espera de quê para homenagear esse engenheiro!
- Não sei, mas neste país é assim.


Apesar do sol de lado, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:


- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?
- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora, como chegarmos à Índia, ao Brasil e a muitos outros locais; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez, no meio de muita fome.


Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:


- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar de comboio como em Portugal! Olha-me só para este comboio com tanta gente, agora que chegamos à tua terra natal, a cidade do Porto."

* Como não tenho acesso ao Expresso, vou de Rápido.

PS: Como gostariamos que o Miguel Sousa Tavares, soubesse, que também sonhamos com ele, e "jamais" por outros motivos que não estes, sim, por causa de Mário Lino, que esteve no governo de Sócrates para nos afligir.

Luís Moreira


News Release 1086 : 124 Anos de Comboios em COIMBRA


Faro [Portugal], 18.10.2009, Semana 42, Domingo, 10:23 - Faz hoje 124 anos, que foi inaugurado o primeiro troço daquela que muitos chamam de Linha da Lousã, mas que rigorosamente é, Ramal da Lousã. O troço em causa, liga as duas principais estações ferroviárias da cidade de Coimbra, ou seja, Coimbra-B (que deveria chamar-se Coimbra Choupal) e Coimbra (antes era conhecida e ainda há quem lhe chame de Coimbra-A) e tinha também a designação antiga de Ramal de Coimbra.



Em complemento, informamos que os restantes troços da Linha de Arganil, nome pela qual também foi conhecido o actual Ramal da Lousã, foram inaugurados em 1906 (Coimbra à Lousã) e 1930, para o troço restante, ou seja, Lousã até Serpins.

Como certamente todos sabem, está iminente o encerramento definitivo do Ramal da Lousã, tal e qual como hoje o que conhecemos, a fim de, se dar início também muito em breve, à construção da rede do Metro do Mondego.

Luís Moreira