24 maio 2010

News Release 2111 : CP quer melhorar acessibilidades aos comboios


Faro [Portugal], 24.05.2010, Semana 22, segunda-feira, 22:29

Com cortesia, editamos na íntegra, notícia dos media na internet, com informação ferroviária relevante.

Fonte: Transportes em Revista
Autor: Pedro Pereira
Data: 21 de Maio

A CP – Comboios de Portugal – quer criar um Conselho Consultivo para as Pessoas com Necessidades Especiais, tendo para o efeito assinado um protocolo com diversas associações nacionais representativas desta área. O protocolo, cuja assinatura contou com a presença do secretário de Estado dos Transportes, Carlos Correia da Fonseca, foi celebrado com as seguintes entidades: ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal; ADF - Associação dos Deficientes das Forças Armadas; APD - Associação Portuguesa de Deficientes; APS - Associação Portuguesa de Surdos; CNOD - Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes e a FL - Fundação LIGA. De acordo com a CP, este acordo tem como objectivo “a recolha de contributos para melhorar a acessibilidade aos comboios, estações e serviços, através de estruturas permanentes de informação e concertação”.


Paulo Almeida



News Release 2110 : APOL: Rede ferroviária deve apostar mais na fiabilidade


Faro [Portugal], 24.05.2010, Semana 22, segunda-feira, 22:22

Com cortesia, editamos na íntegra, notícia dos media na internet, com informação ferroviária relevante.

Fonte: Cargo Edições
Autor: Redacção
Data: 22 de Maio

A aposta na rede ferroviária para mercadorias deve privilegiar a fiabilidade em vez da velocidade, defende a presidente da Associação Portuguesa de Operadores Logísticos (APOL), que considera que as associações «não podem estar na pedinchice do Governo».

«A principal preocupação [em termos da rede ferroviária] não é velocidade, mas sim a fiabilidade, isto é, conseguirmos garantir que as mercadorias demoram sempre o mesmo número de horas a chegar», disse a presidente da APOL, Carla Fernandes, em entrevista à agência Lusa.

A presidente da APOL, que representa 24 operadores logísticos que empregam cerca de 20 mil pessoas, defendeu a aposta nos portos portugueses.


Paulo Almeida



News Release 2109 : Manuel Moreira vai inaugurar passagem desnivelada em Santo Isidoro


Faro [Portugal], 24.05.2010, Semana 22, segunda-feira, 22:17

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Fonte: A Verdade
Autor: Redacção
Data: 21 de Maio

Manuel Moreira, autarca de Marco de Canaveses, vai inaugurar segunda-feira, 24 de Maio, a passagem desnivelada sobre a linha do Tâmega, no lugar da Boavista, freguesia de Santo Isidoro, cerimónia prevista para as 14h30.

A obra está incluída no plano de modernização e electrificação da linha do Douro, promovido pela REFER no troço Caíde – Marco de Canaveses, que inclui a supressão da totalidade das passagens de nível.


Paulo Almeida



News Release 2108 : Obras na Ponte Eiffel esperam tempo seco


Faro [Portugal], 24.05.2010, Semana 22, segunda-feira, 19:20

Com cortesia, editamos na íntegra, notícia dos media na internet, com informação ferroviária relevante.

Fonte: Diário de Notícias
Autor: Redacção
Data: Hoje

O encerramento total da Ponte Eiffel, de Viana do Castelo, para obras de reabilitação agendadas para a próxima semana vai afinal ficar suspenso devido à alteração das condições climatéricas previstas, anunciou a Refer. Em causa está a necessidade de esta intervenção decorrer com garantias de tempo seco e de "uma certa temperatura" para que as "resinas" a aplicar no piso "possam actuar". Além da colocação do novo pavimento, a ponte sofrerá também uma intervenção a nível do gradeamento, que se prolongará por sete meses, sem corte de trânsito.

A nova data para a intervenção será anunciada "em breve", reconhece a Refer. Certo é que, dois anos e meio depois, as obras vão regressar à Ponte Eiffel, que apesar dos 14 milhões de euros de investimento que sofreu apresenta hoje o ferro do tabuleiro à vista.

Em Outubro de 2007 concluíram-se 21 meses de trabalho e de interrupção de trânsito, mas as obras estarão de volta em breve. Piso descascado, buracos de centímetros e zonas onde o ferro "já está à mostra" com "riscos para quem lá circula", são algumas das preocupações reveladas pelos utentes, em dia que, garantem, "não é de festa". O tabuleiro rodoviário da Ponte Eiffel reabriu a 30 de Outubro de 2007 após quase dois anos de obras de reforço e alargamento. Segundo elementos que integram a comissão de utentes - constituída há três anos devido aos atrasos na obra de reparação da ponte e entretanto extinta -, há cerca de um ano a circulação no tabuleiro rodoviário "esteve condicionada durante 15 dias" para reparação de anomalias idênticas no pavimento. "Houve qualquer coisa que falhou na escolha do piso, porque não se compreende que, em dois anos, já tenha descascado duas vezes", afirmou Rocha Neves, um dos elementos da extinta comissão de utentes.


Paulo Almeida



News Release 2107 : Portugal, Espanha e França vão assinar memorando sobre o TGV em Junho


Faro [Portugal], 24.05.2010, Semana 22, segunda-feira, 17:48

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Fonte: Oje
Autor: Redacção
Data: 21 de Maio

O ministro das Obras Públicas, António Mendonça, afirmou hoje ter já recebido garantias do seu homólogo espanhol de que a linha de alta velocidade ferroviária entre Madrid e Badajoz manterá os prazos de execução previstos, até 2013.

António Mendonça falava aos jornalistas na Assembleia da República, a meio do debate da moção de censura do PCP ao Governo, para negar que o governo espanhol se prepare para suspender a construção da linha de TGV entre Madrid e a fronteira portuguesa.

"Falei quinta-feira com o meu homólogo, José Blanco, e ele ficou muito impressionado com as notícias que estavam a circular em Portugal, dizendo-me que não tinham qualquer fundamento", afirmou António Mendonça.

Segundo o membro do Governo português, o ministro espanhol do Fomento (Obras Públicas) garantiu que se "mantêm todos os compromissos em relação ao eixo de alta velocidade entre Lisboa e Madrid".

"Quero acrescentar que a 8 e 9 de Junho próximos haverá uma reunião entre os governos de Portugal, Espanha e França em que se firmará um memorando de entendimento para que a União Europeia considere o eixo Lisboa/Madrid/Paris prioritário entre os eixos prioritários", adiantou António Mendonça.

Para o ministro do executivo de Lisboa, esse memorando a celebrar entre os dois países ibéricos e França "tem como objectivo garantir que todos os financiamentos comunitários estejam assegurados".

O governo espanhol anunciou quarta-feira que todas as obras sob tutela do Ministério do Fomento (Obras Públicas) irão sofrer um atraso de um ano, no qual se inclui a ligação em comboio de alta velocidade (TGV) entre Madrid e Lisboa.

A ligação de TGV entre Madrid e a fronteira portuguesa do Caia estava a ser adjudicada em vários troços, sendo que parte deles, cerca de 3%, já estão em execução.

A linha espanhola, que irá ligar ao Caia, está mais adiantada do que a portuguesa. O Governo de Portugal adjudicou no dia 8, sábado, a linha Poceirão-Caia ao consórcio Elos, co-liderado pela Brisa e pela Soares da Costa.

O ministro espanhol José Blanco justificou a decisão com o novo plano de austeridade imposto pelo Governo de Zapatero: "Todas as obras, tanto ferroviárias como rodoviárias, irão sofrer um atraso de, pelo menos, um ano na sua execução ", disse o ministro na comissão de Obras Públicas do Parlamento espanhol.

Com este plano, os espanhóis esperam poupar cerca de 6,4 mil milhões de euros durante este e o próximo ano.

José Blanco adiantou também que esta decisão não mudará a política do Governo em relação às obras públicas, que será de as concretizar logo que existam condições nos mercados financeiros.


Paulo Almeida



News Release 2106 : Viagem cultural trouxe 500 pessoas de comboio entre Torres e Caldas da Rainha


Faro [Portugal], 24.05.2010, Semana 22, segunda-feira, 17:24

Com cortesia, editamos na íntegra, notícia dos media na internet, com informação ferroviária relevante.

Fonte: Gazeta das Caldas
Autor: Natacha Narciso
Data: 21 de Maio

Tudo começou às 10h00 na estação de Torres com a inauguração de "Ler nas Entrelinhas", uma exposição de fotografia associada ao Plano Nacional de Leitura. Às 11h46 partiu o comboio para as Caldas numa viagem que durou 33 minutos. À chegada era grande a azáfama na estação para organizar os 489 viajantes, entre jovens estudantes e adultos. Durante a viagem contaram-se histórias e leram-se poesias, ofereceram-se livros e realizaram-se diários gráficos, fotografias e reportagens. A viagem foi animada por músicos da Escola de Jazz de Torres Vedras e dos grupos Rimbombar e Som da Malta.

Ao longo do percurso foram também entoadas canções populares pelo Clube Sénior de Dois Portos e de Sobreiro Curvo.

Já na estação caldense foi inaugurada a segunda edição da exposição do concurso de fotografia "Ando a Ler - Ler nas Entrelinhas" e ouviram-se os discursos dos vereadores da Educação e da Cultura das Caldas da Rainha e de Torres Vedras, respectivamente. Também usaram da palavra os representantes da ministra da Educação, do Plano Nacional da Leitura, da CP e da Refer. A presidente do PH, Isabel Xavier, deu a conhecer à comitiva a importância que o comboio teve no desenvolvimento da então vila das Caldas desde os finais do séc. XIX.

O almoço-convivio decorreu no Parque D. Carlos I e foram efectuadas visitas ao património da cidade.

Por fim, pelas 17h40, o Comboio de Leituras, regressou a Torres Vedras. Em rigor, não se tratou de uma comboio especial, tendo a ida e a volta decorrido em composições do horário normal, apenas reforçadas no número de carruagens para fazer face a este inusitado número de passageiros.

"Esta iniciativa deu um acréscimo de confiança à capacidade de organização das escolas e dos jovens", disse Noémia Santos, a professora de Torres Vedras que teve a ideia de organizar a viagem, tendo referido que para alguns alunos esta foi a primeira vez que andaram de comboio. A docente disse que as Caldas "foi uma surpresa" para muito jovens e adultos participantes "que não conheciam os espaços e a história da localidade".

CP e Refer disponíveis para mais iniciativas

Noémia Santos disse ainda que, na sequência desta iniciativa, a Refer comprometeu-se "em dar um novo arranjo à estação de Torres Vedras que está mesmo a precisar de uma intervenção". Por outro lado, tanto a CP como a Refer mostraram-se disponíveis para realizar mais iniciativas deste tipo.

"Há interesse em que esta ligação entre as duas cidades não se perca", comentou a organizadora. Esta viagem cultural veio ainda provar que mesmo em momentos de crise, "instituições e empresas podem unir-se para realizar iniciativas", rematou.

Para Maria João Veiga, autora do livro "24 - Hora a Hora", a iniciativa não poderia ter corrido melhor. "O que mais gostei foi da viagem de comboio e da possibilidade de confraternizar com pessoas que, como eu, lêem, escrevem e vivem nesta região".

Sérgio Silva, Ana Milagres e Ana Pinheiro, com idades entre os 15 e os 17 anos, gostaram sobretudo de visitar o Museu de José Malhoa e acharam interessante uma viagem de comboio com propósitos culturais.

Por seu lado Catarina Luís, de 15 anos, achou muito divertido andar de barco no lago do Parque. Do Museu de José Malhoa apreciou a obra cerâmica em tamanho natural "A Paixão de Cristo", de Bordalo Pinheiro. Todos gostariam de repetir a experiência.

"Linha do Oeste tem de ser refundada"

"A Linha do Oeste tem que ser toda repensada, não basta uma actualização, tem que ser refundada, caso contrário, não vale a pena investir um euro que seja". Palavras de Carlos Miguel, presidente da Câmara de Torres Vedras - que estava nas Caldas naquele dia a participar numa reunião na OesteCim - e que preferiu regressar a casa de comboio, acompanhando a comitiva cultural.

Ao falar na "refundação" deste corredor ferroviário, o autarca defende que a linha do Oeste deveria passar a ter um novo troço entre a Malveira e Lisboa por forma a encurtar o caminho entre a região e a capital e a servir também a população de Loures.

Segundo Carlos Miguel, a linha do Oeste foi posta no Plano de Acção do Oeste "por iniciativa dos dois presidentes da Câmara de Torres Vedras e das Caldas", acrescentando que os restantes autarcas oestinos "quase se alhearam desta questão que é fundamental para nós não só para as pessoas como para o transporte de mercadorias desta região".

O autarca mostrou-se ainda satisfeito por, na última reunião com o ministro das Obras Públicas, António Mendonça, "termos percebido que o governante partilha desta opinião".

Segundo o edil, a empresa de transporte rodoviário Barraqueiro de Torres Vedras "enviava autocarros de sete em sete minutos para Lisboa e agora mudou e há transporte rodoviário de cinco em cinco minutos, o que quer dizer que há uma forte clientela". Na sua opinião, se a CP tivesse um serviço idêntico "era óbvio que as pessoas poderiam aderir". Como só existe um comboio de manhã, à hora de ponta, para Lisboa, "é óbvio que ninguém se ajusta a tal".

No seu discurso de boas-vindas, o vereador da Educação, Tinta Ferreira também se referiu à importância da revitalização da linha do Oeste, tendo afirmado que "há mais de 300 pessoas nas Caldas que viajam diariamente para Lisboa de autocarro e ainda falta contabilizar aquelas que vão todos os dias na sua viatura própria". A maioria destas pessoas escolheria certamente o comboio se houvesse horários compatíveis. O autarca tem a certeza de que se a oferta fosse de qualidade, o comboio captaria as preferências pois é um meio de transporte "mais tranquilo, ecológico e que permitiria às pessoas fazer a sua vida de uma forma mais eficaz".


Paulo Almeida



News Release 2105 : Rally de Portugal regressa à invicta e a CP reforça serviço


Faro [Portugal], 24.05.2010, Semana 22, segunda-feira, 13:51

Com cortesia, editamos na íntegra, notícia dos media na internet, com informação ferroviária relevante.

Fonte: Jornal Hardmusica
Autor: António Manuel Teixeira
Data: Ontem

A CP associa-se ao Automóvel Clube de Portugal e à Câmara Municipal do Porto no Rally de Portugal Roadshow, que se realiza dia 23 na Av. dos Aliados, e reforça o seu serviço urbano com cerca de 35.000 lugares, entre as 12:00 e as 21:00, correspondendo a um acréscimo da oferta em aproximadamente 15.000 lugares face à oferta regular:

A CP, em comunicado, salienta que "o comboio será a melhor opção de transporte para este evento, uma vez que várias artérias da cidade estarão fechadas ao tráfego automóvel e a Estação de Porto S. Bento é um ponto de acesso privilegiado ao local do evento".



A CP aconselha os clientes a "adquirirem bilhetes de ida e volta e a viajarem com a antecedência necessária para garantir um acesso tranquilo e atempado ao local onde se realizará a prova".

Créditos: Pela foto, agradecimento ao Jornal Hardmusica.


Paulo Almeida



News Release 2104 : Lembranças do 'meu' Comboio do Monte


Faro [Portugal], 24.05.2010, Semana 22, segunda-feira, 12:21

Com cortesia, editamos na íntegra, notícia dos media na internet, com informação ferroviária relevante.

Fonte: Diário de Notícias (da Madeira)
Autor: Leandro Jardim
Data: Ontem

O Fernandes Rosa, seguro, rodou o volante. O gás pressionou os mecanismos de locomoção e os arranques, por safanões,aconteceram. De imediato a locomotiva adquiriu velocidade.
Data: 23-05-2010

A manhã de 17 de Maio de 1943 chegara clara e fresca. Desde muito cedo, a máquina nº 5 passava pelas últimas revisões de funcionamento, nas oficinas da companhia, no Pombal.

O Primeiro Mecânico, Agostinho Quinta, supervisionava toda a equipe técnica que fora convidada para o fim em pauta, naquele dia - a subida de 'comboio' ao Terreiro da Luta, em passeio, e retornando ao Monte para o almoço no Grande Hotel Belmonte. Depois do regresso ao Funchal, as despedidas seriam ao meio da tarde, na gare da Estação, na cidade.

O projecto e os convites para o evento que se aviava, foram idealizados pelo novo proprietário do 'Caminho de Ferro do Monte', o importante empresário na cidade do Porto, senhor Francisco Alves de Sousa, que facilmente agrupou amigos para a "última viagem" daquele tão querido, como tradicional, veículo de transporte de passageiros, findando assim, e para sempre, a actividade na Madeira.

Sobre essa ideia de um passeio de comboio, a tamanha altitude, incluindo depois um requintado almoço no Hotel Belmonte, fez-se resguardar a notícia num sensato sigilo. Isso, por defesa e bairrismo, de o Caminho de Ferro ter influído sensivelmente na economia e na socialidade da região do Monte e também por recomendáveis cuidados de passadas experiências trágicas, que não convinha afastá-las do bom senso. Bastaria um rudimentar entendimento técnico de máquinas a vapor, e já bastante usadas, sabendo-as paradas, lado a lado com enferrujados ferros velhos, durante quase quatro anos, para recomendar prudência.

Alguns homens não acreditavam que a força motora dinamizante da roda dentada, voltando a engranzar na cremalheira, viesse, depois de vários anos inactivos, a funcionar de novo sem qualquer perigo! A subida do Funchal para o Terreiro da Luta exigia muito esforço a qualquer material de locomotiva. Na existência da Companhia houve vários acidentes graves! Nem todos os convidados compareceram.

O mecânico Agostinho Paulo de Freitas (Quinta, por apelido paterno) era especializado na máquina nova fabricada na suíça, desde que foi montada e, obviamente, experimentada na linha pelo engenheiro acompanhante que teve também a finalidade da formação do pessoal técnico.

Entre a inteligência e a força bruta da locomotiva nº 5 do Caminho de Ferro do Monte, acontecia como que um 'entendimento' recíproco, um 'quê solidário'; de certezas, de comprovadas demonstrações de uma tecnologia que foi avançada… Ninguém como o primeiro mecânico, Agostinho Quinta, o silencioso profissional, pingando o viscoso óleo da almotolia também suíça, oferta do engenheiro montador (e que ninguém ousava tocá-la…), ensaiava consigo mesmo, um sorriso de confiança, quase inglês…, quando as dúvidas de desconhecidas opiniões caiam na caldeira e se esfumavam, ante as certezas que o próprio maquinismo amaciado pelo mecânico lhe demonstrava "vis-à-vis".

Chegavam as 10 horas do dia 17 de Maio de 1943. O fogueiro Joaquim da Gama subindo ao seu lugar olhava para o labor. José Fernandes Rosa, o suado maquinista, apurava todas as limpezas na cabine, e fazia as leituras dos mostradores de pressões várias de vapores e de óleos. O João Ornelas tomara, aprumado, o lugar de guarda-freio, na frente do carro que estava muito asseado. Diogo Fernandes, encarregado da linha, do alto da sua estatura, alisava o bigode típico quando, o mecânico Agostinho Quinta lhe respondeu ao indago que por expressão facial aquele lhe fizera. No seu toque de boca murmurou "tudo - num - brinquinho…" Indo ter com o tenente Alcino Freitas Silva, adiantou-lhe que "tudo estava pronto…" Os passageiros podiam enfim procurar os seus lugares! O ambiente era de emoção. O fumo negro saía em bulcões da chaminé! O vapor estava em alta pressão. Chiavam as válvulas de escape! A estação encheu-se de fumarada de mais vapores e de cheiros pestilentos de untada, queimadas de hulha e óleos! Às 11horas e 10 minutos da manhã, silvou o vapor no apito, puxado por um arame fino de aço.

O Fernandes Rosa, seguro, rodou o volante. O gás pressionou os mecanismos de locomoção e os arranques, por safanões, aconteceram. De imediato a locomotiva adquiriu velocidade. No percurso, varias vezes, o comboio apitava intermitente… Tal surpresa impressionou os habitantes das laterais do caminho de ferro. Os corações bateram ao ganharem a consciência do evento, por saudade e de esperança.

Mas, a guerra continuaria ainda por mais quase dois anos...

Na escola das Babosas a pequenada soubera que a "máquina nova" tinha passado com passageiros para o Terreiro da Luta. Que no retorno, ía ficar parada frente à entrada do Hotel Belmonte. O que sentimos nesses momentos de novidades raras, de saudades que tínhamos do "nosso" comboio, aqui e agora, é-me indizível; porque o comboio fazia parte dos nossos 9 anos e entrara no nosso mundo de sensacionais emoções e até mesmo dentro da nossa família… À saída das aulas, em algazarras, a garotada correu para o sítio do Atalhinho. Lá, estava a "máquina nova" ciciando vapores brandos aos homens que cuidavam dela. Repousando, expelia fumos e vapores em ondas trémulas de calor.

O menino curioso, a cuidada distância, queria ver tudo! Acocorado, queria explorar de vista, o oculto que a fazia andar! A "máquina nova" tinha alma; e rodas, e êmbolos, e fogo, e vapor..."Quando eu for grande, quero ser como o primo Agostinho, que sabe tudo daquilo, até mesmo sabe levá-la…" - pensava o menino, quando foi surpreendido pelo próprio Agostinho Quinta.

- Que fazes aqui, pequeno? - 'Tou vendo como a é que a máquina anda. O que é que a faz andar?...

- Vai estudar, menino! Um dia, eu te conto como a "máquina nova" anda… - Quando?!!...

Passaram-se muitos anos. A 'máquina nova', a nº 5 da Companhia do Caminho de Ferro do Monte, embarcou para o Porto. As vozes do povo baixavam quando aos magotes, trocando opiniões do que pensavam mal pensado: de que - disse-se - o Caminho de Ferro fora vendido para ir para um país longe e ser tudo transformado em canhões 'Krupp'. Os homens que a lidaram foram-se indo aos poucos… O Agostinho Quinta imigrara para o Curaçau, num barco grande, cinzento e muito feio, que atracou no pequeno molhe da pontinha. Depois, foi para a Venezuela como técnico de máquinas de extrair petróleo. Lá, viveu muito bem, "como um inglês", e gastou do bom e do melhor, contou-me. Um dia, voltou doente. Eu já era rapaz. Encontrávamo-nos e falamos longas horas sobre as máquinas e sobre as experiências humanas. Já não lhe perguntei mais sobre como era que andava a "máquina nova", a nº 5. Volta e meia, ela ainda passa linda e ligeira pela minha imaginação.

O Agostinho Quinta faleceu no sanatório Dr. João de Almada.

Os convidados do Sr. Francisco Alves de Sousa tomaram o carro para a descida. O guarda-freio fê-la apitar 3 vezes. Os beijos de vapor soltaram-se, em som estridente, desfazendo-se pelo ar do Monte... Eu conheci, de vista, o tenente Alcino por ter sido um conhecimento profissional do meu pai. Conheci de perto, o Sr. Diogo, o Rosa da Corujeira, o Ornelas, o Gama… Já a todos, o trem que nunca falha, veio à hora certa de cada um e levou-os… De pé, junto ao guarda-freio, empertigado, e atento, estava o Agostinho Quinta, com o seu ar de engenheiro inglês… Desfreando lentamente, como se não quisesse partir, "o comboio", ainda que os ruídos característicos das ferragens lassas fossem inevitáveis, embalançando, foi descendo a Confeiteira para a cidade. O menino tinha a sua alma cheia de alegria! Como que num deslumbramento viu a "máquina nova" desaparecer no declive… Então… o menino voltou para casa pontapeando a calçada do caminho como quando se perdia um brinquedo querido, um algo de utilidade, ou alguém de estimação. À tardinha, contou ao pai que a "máquina nova estava mesmo nova!.." Ainda havia guerra lá fora…!
Quando o menino acabou as duas cópias de tarefa escolar, rematou-as como exigia a professora Dona Augusta:
Monte, 17 de Maio de 1943
Leandro Freitas Jardim.


Paulo Almeida