26 julho 2010

News Release 2193 : 46 anos depois (Custóias)


Faro [Portugal], 26.07.2010, Semana 30, segunda-feira, 09:44

Faz hoje 46 anos que ocorreu em Custóias, perto do Porto, um acidente ferroviário, que é considerado o mais trágico do nosso país, depois do de Alcafache, que em Setembro próximo, celebra 25 anos de existência e que causou mais vítimas mortais e foi mais "espectacular" no sentido mais lato da palavra.

Relembrando um pouco, este acidente de Custóias, ocorreu na Linha da Póvoa (via única e bitola estreita de 1000 mm) e teve como protagonista uma automotora diesel da série já extinta 9300 (MEy 300 na altura), que com lotação muito acima do limite e em composição reforçada com reboque (era domingo), descarrilou numa curva perto da estação de Custóias, descarrilamento esse, motivado pela inclinação abrupta do veículo ferroviário em curva, porque aliado à velocidade e ao movimento descontrolado/inércia do movimento causado pelas pessoas de pé dentro do mesmo veículo (todos inclinados para o mesmo lado, de forma abrupta), o fizeram tombar numa curva apertada em que se inseria também uma pequena ponte rodoviária superior e o inevitável aconteceu.

Segundo relato da altura que lemos mais tarde (JN), o reboque não conseguiu fazer a curva, tombou e foi chocar violentamente com as arestas vivas dessa obra de arte (ponte) e as vítimas mortais estavam todas nesse veículo, ou seja, morreram 101 pessoas.

Em relação a nós, tinhamos na altura 4 anos de idade e ainda nos lembramos de ver passar junto à porta da nossa residência, muitos carros funerários em fila que saiam da cidade do Porto (vindos do Instituto de Medicina Legal) e se dirigiam para Vila do Conde e Póvoa de Varzim, onde a maioria das vítimas era natural. Outra indicação que podemos dar por conhecimento directo de um nosso familiar que lá trabalhava é que a última pessoa a morrer em consequência do acidente, foi um militar que esteve internado no Hospital Militar do Porto, em estado de coma e veio a falecer mais ou menos 1 ano depois do acidente ter ocorrido, tendo sido então a vítima mortal nº 101.


Luís Moreira


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