10 maio 2010

News Release 2028 : Basílio Horta defende aeroporto e TGV


Faro [Portugal], 10.05.2010, Semana 20, domingo, 22:53

Com cortesia, editamos na íntegra, notícia dos media, com informação ferroviária relevante.

Fonte: Jornal de Notícias
Autor: Redacção
Data: Ontem

O novo aeroporto e o TGV são obras essenciais para o desenvolvimento do país e "terão de ser feitos" a seu tempo, defendeu o presidente da AICEP, Basílio Horta, considerando "um erro gravíssimo" não investir na rede de transportes.

"Ninguém de bom senso pode criticar o facto de querermos fazer um aeroporto novo, porque só quem não conhece o nosso aeroporto é que não percebe que este já não serve", afirmou o presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em entrevista à agência Lusa.

O primeiro-ministro anunciou sexta-feira em Bruxelas, após uma reunião do Eurogrupo, o adiamento de grandes investimentos públicos, como as obras do futuro aeroporto e a terceira travessia do Tejo, no quadro do esforço de acelerar as medidas de consolidação orçamental.

Em reacção, o Presidente da República disse que a decisão do Governo de reponderar todas as grandes obras públicas não adjudicadas "vai ao encontro daquilo que muitos economistas e políticos têm defendido". Os partidos dividiram-se entre o apoio à decisão do governo e as críticas ao facto de não ter adiado também o TGV.

O ministro das Obras Públicas, que participou sábado na cerimónia de assinatura do contrato do troço Poceirão-Caia para o TGV, admitiu a "reponderação" da terceira travessia e do novo aeroporto de Lisboa.

Para Basílio Horta, que defende que estas obras não devem ser transformadas em "bandeiras políticas", a questão é muito simples: "Queremos que Portugal se mantenha um 'hub' [centro de distribuição de tráfego aéreo] e que venham pessoas de todo o mundo para ir para o Brasil e África, à semelhança do que ainda acontece, ou queremos perder isso para Madrid?"

O responsável admite ser "perfeitamente justificável e natural" que, numa altura em que se quer reequilibrar as contas públicas e reduzir o défice externo, se "reavalie esses investimentos", mas defende que o adiamento não retira a importância das grandes obras.

"Não significa que não sejam decisivas. Esses investimentos terão de ser feitos, o tempo em que serão feitos é outra questão", disse.

Relativamente ao TGV (cuja primeira adjudicação "já deveria estar tão avançada que não poderia haver um recuo), o presidente da AICEP apontou a urgência de uma linha rápida para mercadorias e passageiros.

"O que tem que ser feito urgentemente é uma linha que parta de Sines, passando pela logística do Poceirão e de Castanheira - dois grandes investimentos logísticos - passe por Badajoz e vá a Madrid pela via rápida de mercadorias e, a partir dali, entra a via rápida Lisboa - Madrid", defendeu.

Segundo o responsável, "um país periférico em relação à Europa, central em relação aos outros continentes, tem na logística um aspecto essencial para o seu desenvolvimento e a logística é transportes.

"Se nós não apostamos aí e ficamos confinados aqui, estamos a perder mais-valias e aí quem é que investe?", interrogou, reiterando que "a parte positiva está lá, a parte negativa é preciso estudá-la bem e não empolá-la para efeitos políticos".

Confrontado com as recentes declarações do Presidente da República, Cavaco Silva, segundo as quais o país deve investir em bens transaccionáveis e ponderar os grandes investimentos, Basílio Horta respondeu que "isso é o que se tem vindo a fazer".

"Mas temos que os armazenar [bens transaccionáveis] e que os transportar, tem que ter logística e transportes. De que vale termos bens transaccionáveis se não tivermos vias de comunicações rápidas? Não podemos ter vias em que o comboio de mercadorias espera meia hora para o comboio de passageiros passar e depois este vai à frente e espera, novamente, para o outra passar. Isto não é país!", rematou Basílio Horta.

O Presidente da República recebe na segunda feira um conjunto de economistas e antigos governantes conhecidos pela sua oposição ao lançamento, neste momento de crise, de grandes obras públicas, como o novo aeroporto e a alta velocidade ferroviária.

Os economistas criticam os grandes investimentos numa altura em que Portugal enfrenta uma forte degradação das condições de financiamento nos mercados internacionais e é, ao mesmo tempo, obrigado a reduzir o défice e a trajectória de aumento da dívida pública, ao abrigo das condições enunciadas no Programa de Estabilidade e Crescimento.


Paulo Almeida



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