Faro [Portugal], 01.03.2010, Semana 10, Segunda-feira, 15:56
Segundo informa a Transportes & Negócios, e citando com cortesia, os comboios europeus de Alta Velocidade, incluindo o germânico Ice, poderão em breve chegar a Londres, assim as autoridades redefinam as regras de segurança para circular no túnel da Mancha e os operadores procedam às alterações necessárias nos seus comboios.
Num extenso artigo a propósito, o “FT” lembra que a infra-estrutura da ligação “High Speed One”, entre Londres e o túnel da Mancha, já tem as pontes mais altas e os túneis mais amplos dos caminhos de ferro continentais, mas que as normas de segurança do túnel só permitem a travessia de composições de carga a partir do continente.
A Comissão Inter-Governamental do túnel da Mancha começou a examinar o regime de segurança da travessia no ano passado, precisamente para preparar o caminho para os requisitos europeus da liberalização do tráfego internacional de passageiros, desde 1 de Janeiro deste ano.
Mas também os comboios que realizarem o serviço terão de sofrer algumas modificações. Desde logo para cumprirem com o comprimento mínimo fixado para as composições que atravessam a Mancha, e que é de 400 metros. A maioria dos comboios de Alta Velocidade tem 200 metros de comprimento.
A explicação para o mínimo de 400 metros de comprimento reside no facto de as saídas de emergência dos túneis principais para o túnel de serviço estarem situadas a espaços de 375 metros. Numa situação de emergência, por exemplo num incêndio, um comboio de medidas standard poderia ficar parado entre duas portas de emergência, obrigando os passageiros a percorrerem a pé parte do túnel.
Mas não só. De acordo com as normas actuais, os comboios de passageiros que circulem no túnel têm também de dispor da capacidade de se dividirem em dois, seguindo cada metade num sentido oposto, em caso de emergência. Esta regra deverá, todavia, ser abandonada no futuro próximo. Até porque este mecanismo não foi utilizado em 15 anos de funcionamento do túnel.
O Eurostar é actualmente o único operador de transporte ferroviário de passageiros que preenche todos os critérios do actual regime de segurança do túnel. Os comboios são propriedade da francesa SNCF, da London & Continental Railways, do Reino Unido, e da SNCB da Bélgica.
Os comboios que mais facilmente poderão adaptar-se às regras do comprimento serão aqueles com motores localizados sob o piso. O ICE3 da Deutsche Bahn e o novo AGV da Alstom Transport são dois exemplos. A Siemens, fabricante do ICE3, anunciou estar a trabalhar numa versão de 400 metros do mesmo modelo para a China. Já a francesa Alstom comfirmou que também tem estado em conversações com a IGC.
A London & Continental sugeriu anteriormente que o Eurostar poderia trocar os seus comboios por AGV.
As novas composições terão ainda de ser adaptadas para “lerem” os sistemas de sinalização no túnel e nas linhas de alta velocidade para Londres. E haverá ainda que lidar com os procedimentos de imigração do Reino Unido. Ao “Finantial Times” fontes ligadas ao processo revelaram haver negociações sobre a introdução de controlos nos comboios e não nas estações.
Uma pesquisa de mercado avançada por Rüdiger Grube, executivo da Deutsche Bahn, operador estatal alemão que opera os comboios ICE, classifica a rota Colónia-Bruxelas-Londres como "muito atraente". Um milhão de passageiros alemães poderia utilizar anualmente aquela ligação, acrescentou.
Luís Moreira
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