Faro [Portugal], 09.03.2010, Semana 11, terça-feira, 12:22
Com cortesia, editamos na íntegra, notícia do jornal Diário de Notícias, publicada ontem na sua página electrónica, com informação ferroviária relevante.
É uma questão de tempo. A empresa pública Rede Ferroviária Nacional (Refer) prepara-se para demolir a histórica torre de sinalização e manobra Cottinelli Telmo, na renovada estação de caminhos-de-ferro de Pinhal Novo (Palmela). Segundo soube o DN, só a pressão que tem sido feita por parte de um movimento de cidadãos, criado em 2002, tem adiado o desmantelamento da torre, que está classificada como Imóvel de Interesse Municipal.
Fonte da Refer admitiu que, apesar de ainda não haver um parecer definitivo sobre a necessidade da torre vir a ser demolida, a edificação representa "transtornos", desde logo por estar erguida entre as linhas férreas.
O próprio presidente da junta de freguesia, Manuel Lagarto, que queria a torre aberta às visitas do público, reconhece que "dificilmente haverá uma solução". Desde que as linhas passaram a ladear a torre, esse projecto deixou de fazer sentido, disse o autarca.
Uma das soluções que chegou a ser apontada para salvar este património já foi inviabilizada. Quando foi desencadeado o processo das obras de modernização da estação do Pinhal Novo, havia um projecto que preconizava a deslocalização da torre ao longo de cem metros. A emblemática obra do arquitecto José Ângelo Cottinelli Telmo ficaria num espaço aberto, longe das linhas e de fácil acesso público.
O problema é que as obras acabaram por não contemplar essa deslocalização e agora a catenária (cabos suspensos que fornecem energia eléctrica aos comboios) já está totalmente instalada, o que complica ainda mais a vida aos defensores da torre.
"Em princípio, bastaria a classificação de interesse municipal para ela não ser derrubada, mas temos consciência que um dia a Refer decide pelo desmantelamento e ficamos sem ela", admite Manuel Lagarto, colocando-se ao lado dos defensores da torre que reclamam a não demolição do imóvel, mas antes a sua valorização enquanto património ferroviário, numa articulação entre o Museu de Palmela e o Museu Nacional Ferroviário.
O Bloco de Esquerda (BE) já levou o assunto à Assembleia da República, questionando o Ministério das Obras Públicas se tem conhecimento das intenções da Refer. Ainda não há resposta, mas Ana Sertóris, representante do BE em Palmela, defende que "a carga histórica" da torre justifica a sua classificação com o título de Imóvel de Interesse Público como Património Nacional.
"Na exposição que fizemos ao Ministério da Cultura, eles entenderam que, como a torre já está classificada de interesse municipal, está tudo bem. Mas nós consideramos que a legislação permite outro estatuto", frisou.
Créditos: Pela foto, agradecimento ao DN.
Paulo Almeida
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