08 maio 2010

News Release 2008 : “Prova de fogo” na estação da Pampilhosa


Faro [Portugal], 08.05.2010, Semana 19, sábado, 16:55

Com cortesia, editamos na íntegra, notícia dos media, com informação ferroviária relevante.

Fonte: Diário de Coimbra
Autor: Manuela Ventura
Data: Hoje

Um comboio apinhado de passageiros a circular na Linha do Norte e uma composição de mercadorias, com um carregamento de matérias perigosos, “colidem” hoje, perto da Estação da Pampilhosa. O acidente tem hora e local marcados, mas poderia não ser assim. Em causa está um simulacro que se pretende ser o mais aproximado possível de uma situação real de forma a testar a eficácia e operacionalidade dos meios de socorro.

Trata-se de uma primeira “ocorrência” desta natureza realizada na Pampilhosa, um espaço vital e complexo em termos ferroviários, uma vez que ali se “cruzam” a Linha do Norte, a espinha dorsal da ferrovia nacional, e a linha da Beira Alta. Uma experiência que, explica Paula Ramos, segundo comandante dos Bombeiros Voluntários da Pampilhosa, surge por proposta da CP, da CP Carga e da Refer. O objectivo é testar e exercitar a respostas integradas de toda a estrutura operacional dos agentes de protecção civil.
O cenário afigura-se assustador e Paula Ramos sublinha que nada foi preparado para a ocasião, ou seja, contrariamente ao que acontece com outro tipo de simulações, desta feita os Voluntários da Pampilhosa não fizeram qualquer exercício preparatório relativamente a esta ocorrência. Significa que, «apesar de todos saberem que o exercício se vai realizar», confessa, «desconhecem-se os pormenores». Inclusive, até, pode acontecer que «a corporação nem seja chamada». Por isso, o dia de hoje vai começar como qualquer dia na vida da corporação. Depois pode não ser bem assim.

Com efeito, a “colisão” entre os dois comboios deverá acontecer por volta das 10h00. De um lado há uma composição cheia de passageiros – “papel” que vai ser desempenhado pelos escuteiros da Pampilhosa e também por uma escola de estágio dos Bombeiros Novos de Aveiro – e do outro um comboio de mercadorias que transporta uma solução aquosa, comburente e corrosiva, explica Paula Ramos, cujos vapores são tóxicos e que pode entrar em combustão a qualquer momento. Ou seja, a um número indeterminado de vítimas, algumas das quais certamente em estado crítico devido ao embate e descarrilamento das composições, junta-se o perigo de incêndio e de explosão que, a qualquer momento, pode acontecer.

Trata-se de um cenário verdadeiramente dantesco que faz temer o pior em termos de consequências. E a segundo comandante dos Voluntários da Pampilhosa alerta ainda para a especificidade da situação, uma vez que se está a lidar com fortes cargas energéticas. As catenárias, esclarece Paula Ramos, acabam por não ser o maior problema, mas sim a tensão residual. Em causa estão cargas eléctricas extremamente violentas, que impedem as forças de segurança de usar água. Mais, aparentemente, só existem duas equipas vocacionadas para resolver o problema e, como tal, a grande “força” das operações de socorro vai ficar dependente da actuação destas equipas da Refer.

Mais de 150 homens envolvidos

Num cenário onde só a realidade (em vez da simulação/teste) poderia ser efectivamente mais dramática, vão estar mais de 150 homens em acção, entre bombeiros, militares da GNR, equipas médicas do INEM e Cruz Vermelha. Relativamente a corporações de bombeiros, serão mobilizadas para o local do sinistro, para além da Pampilhosa, Mealhada, Oliveira do Bairro, Anadia, Brasfemes (Coimbra), Cantanhede, Albergaria-a-Velha, bem como os Sapadores de Coimbra, uma vez que se trata da corporação mais próxima que possui uma viatura de intervenção química, fundamental para garantir a eficácia do processo, uma vez que estamos a lidar com matérias de alto índice de perigosidade. O INEM vai participar com quatro viaturas e 17 operacionais, a Cruz Vermelha da Pampilhosa leva uma equipa de 10 elementos os quais se juntam duas equipa da GNR e 25 elementos dos Escuteiros da Pampilhosa, bem como o apoio dos Bombeiros Novos de Aveiro, que trazem consigo uma escola de estágio. A mega operação conta com o apoio do Comando Distrital de Operações de Socorro de Aveiro, que vai montar no local um posto de comando. l

Uma “lição” para ajudar a preparar o futuro

O primeiro alerta está previsto para as 10h00 e não há, de acordo com Paula Ramos, previsões relativamente ao “terminus”. Menos ainda no que se refere aos resultados. E, se bem que se trate de um simulacro, onde se prevê testar a capacidade de intervenção, tudo pode acontecer. A segundo comandante dos Voluntários da Pampilhosa antevê que o diagnóstico final aponte para «bastantes falhas». E as justificações são muitas, a começar pela gravidade da situação e pelo facto de ser a primeira vez que se realiza um teste com esta envergadura. Mas o objectivo, centrado na conjugação de esforços para um socorro o mais eficaz possível, certamente vai ser atingido e a “lição” “bem estudada” para o futuro.


Paulo Almeida



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