12 abril 2010

News Release 1858 : Bairro Camões ainda é Habitado


Faro [Portugal], 12.04.2010, Semana 16, segunda-feira, 17:02

Com cortesia, editamos na íntegra, notícia do Jornal Torrejano, publicada hoje na sua página electrónica na internet, com informação ferroviária relevante.

Contam-se pelos dedos de uma mão o número de pessoas que vivem no Bairro Camões, junto ao antigo campo de futebol do Entroncamento. E, ainda assim, as que lá vivem são muitas - os moradores que restam naquele bairro são familiares de funcionários (alguns já falecidos) da Refer, a proprietária dos imóveis, que pagam rendas baixas, condizentes com as débeis condições de conservação das casas.

Houve, ao longo dos anos, desinteresse em requalificar as habitações daquele emblemático bairro e agora, se calhar, já é tarde demais para pensar nisso. A história deste e de outros bairros, como o Vila Verde, está intimamente ligada à do desenvolvimento do Entroncamento, enquanto cidade ferroviária. Projectado pelo arquitecto Cottinelli Telmo e construído em 1926, o Bairro Camões nasceu numa lógica já experimentada noutros países europeus, como França e Inglaterra, onde foram construídas habitações para albergar os funcionários e familiares que migraram das zonas rurais para corporizarem o projecto de crescimento da rede ferroviária.

Esta zona habitacional tem características diferentes das dos outros. Com agrupamentos de casas peculiares, ao estilo inglês, destacam-se os beirados, os alpendres, os gradeamentos e os espaços para jardim. Já na década de 20, pode dizer-se, o Bairro Camões tinha as condições de segurança que têm hoje os mais modernos condomínios: não era possível o acesso à ”cidade-jardim” devido ao controlo exercido na entrada.

Actualmente não há esse controlo e, pelo contrário, as ruas internas do bairro estão escancaradas e acessíveis aos convidados menos desejados. Para evitar que as casas abandonadas sejam local de abrigo de toxicodependentes, janelas e portas foram entretanto emparedadas. Um mal necessário, mas que causa um impacto visual negativo.

Concurso Europan pode ser a solução
A recuperação e reabilitação da Escola Camões e dos bairros Camões e Vila Verde, poderão ser possíveis caso haja investidores que queiram dar andamento ao projecto que foi sujeito a candidatura e aceite no programa Europan 10.

A questão da reabilitação pode agora passar pela Invesfer, uma empresa do grupo Refer vocacionada para a valorização do seu património imobiliário. Neste sentido, a Invesfer está interessada em dar uma nova dinâmica de ocupação a sítios urbanos que perderam interesse, pelas mais diversas razões sociais.

O espaço, com cerca de nove hectares junto à via-férrea, é um dos dez sítios da Europa que vai ser abrangido pelo Europan 10, procurando, diz a Invesfer, ”reinserir os antigos bairros habitacionais numa nova urbanidade e repropondo-os à cidade como uma nova centralidade”.

O problema da degradação do Bairro Camões esteve mais uma vez em discussão na Câmara do Entroncamento, na passada segunda-feira, em reunião de executivo. Alexandre Zagalo, vereador socialista, lançou o debate, referindo que não vê outra alternativa que não seja a passagem daquele património para alçada da autarquia, alegando que a Refer jamais terá sensibilidade para requalificar o bairro. Jaime Ramos (PSD), presidente do executivo, rejeitou frontalmente a proposta, considerando-a a mais descabida que alguma vez havia ouvido e lembrou que os vereadores socialistas estão numa posição privilegiada para reclamarem junto do Governo uma solução. Carlos Matias (BE) reforçou a sua preocupação com o estado de degradação das habitações e afirmou que se a Refer for privatizada, as remotas possibilidades de intervenção serão redondamente anuladas: ”As empresas privadas estão menos sensíveis para estas questões de responsabilidade social”.



Paulo Almeida



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